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Arquitetos: Alexandre Bernier Architecte
- Área: 2300 ft²
- Ano: 2023
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Fotografias:Maxime Brouillet
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Fabricantes: Alumico, Artemide, Chez Lamothe , David Roussel, Hamster, MQ, Mac, Matter, Plan Beton, Showroom Montreal

Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizada no coração de St-Henri, um denso bairro residencial pós-industrial em Montreal, esta residência unifamiliar se impõe de maneira discreta por meio de seu volume vertical, da materialidade bruta e da relação sensível com o jardim.

A casa se destaca por sua forma compacta e rigorosa, construída quase inteiramente em concreto — utilizado na estrutura, nos pisos, nos forros e também nos acabamentos internos. Essa transformação radical de um típico duplex montrealense desafia o espaço doméstico ao adotar uma abordagem monomaterial ousada, rompendo com uma tipologia tradicionalmente construída em madeira. O uso incomum do concreto em uma residência da cidade torna este projeto verdadeiramente singular.



O gesto arquitetônico explora a tensão entre o arquétipo do refúgio mineral e a leveza de uma morada aberta ao entorno. O diálogo entre essa materialidade crua e a transparência da fachada voltada para o jardim revela uma arquitetura simultaneamente monolítica e porosa. Os ambientes se organizam em lajes livres empilhadas verticalmente. Com a estrutura desvinculada das fachadas, estas podem se abrir generosamente à luz natural, que penetra profundamente nos espaços internos. Ao longo do dia, as sombras das folhagens se projetam sobre as superfícies minerais, trazendo uma poesia discreta e contemplativa que suaviza a aspereza do concreto com uma sensibilidade inesperada.


No térreo, a fachada desaparece quase por completo graças a uma ampla porta deslizante, promovendo uma integração total entre a área social e o jardim. Um espelho d’água atua como superfície refletora, ampliando a luz e equilibrando a densidade do edifício com uma presença líquida que introduz frescor e leveza.

Texturas, Acabamentos e a Massa do Concreto - As superfícies do projeto revelam uma riqueza de texturas e acabamentos em concreto. Os pisos em terrazzo polido expõem agregados selecionados por meio de escarificação. As paredes de concreto aparente mantêm as marcas dos tirantes das fôrmas, evidenciando a lógica construtiva da obra. As bancadas da cozinha, incluindo uma ilha de 14 pés de comprimento com cantos arredondados, também são inteiramente moldadas em concreto.


Enquanto material maciço — assim como nas casas monolíticas de pedra —, o concreto contribui com inércia térmica, aquecimento passivo e armazenamento de calor. Combinado a um sistema de piso radiante, funciona como uma bateria térmica. Sua capacidade estrutural elimina a necessidade de contraventamentos nas fachadas, permitindo grandes aberturas voltadas conforme a orientação solar.


Decididamente contemporânea, a Residência BEAU propõe uma arquitetura sensível aos contrastes — em que o peso do concreto é suavizado pelo contato com o vivo. Por meio da materialidade e de uma relação íntima com a vegetação, o projeto oferece uma nova maneira de habitar a cidade: entre massa e transparência, permanência e flexibilidade, rigor e delicadeza. Um gesto simples e potente em favor de uma arquitetura contextual, sustentável e profundamente atual.




















